sábado, 8 de outubro de 2016

ABP & Construtivismo

Inspirado nas ideias do suíço Jean Piaget (1896-1980), o método procura instigar a curiosidade, já que o aluno é levado a encontrar as respostas a partir de seus próprios conhecimentos e de sua interacção com a realidade e com os colegas.
Aumentando a teoria para o campo da leitura e da escrita ele concluiu que a criança pode-se alfabetizar sozinha, desde que esteja num ambiente que estimule o contacto com letras e textos.
O construtivismo propõe que o aluno participe activamente com as suas aprendizagens pessoais, mediante a experimentação, a pesquisa em grupo, o estimulo à dúvida e o desenvolvimento do raciocínio, entre outros procedimentos. A partir de sua acção, vai estabelecendo as propriedades dos objectos e construindo as características do mundo.




Noções como proporção, quantidade, causalidade, volume e outras, surgem da própria interação da criança com o meio em que vive. Vão sendo formados esquemas que lhe permitem agir sobre a realidade de um modo muito mais complexo do que podia fazer com seus reflexos iniciais, e sua conduta vai enriquecendo-se constantemente. Assim, constrói um mundo de objetos e de pessoas onde começa a ser capaz de fazer antecipações sobre o que irá acontecer. 

A instituição escolar, até alguns anos atrás, tinha como detentor do saber apenas o professor, fazendo passar a ideia de que somente este poderia ensinar e ao aluno cabia ouvir para aprender. Com a proposta construtivista, a escola fica aberta ao diálogo, e esta relação muda, o aluno tem liberdade para se expressar, e colocar-se no centro da acção e o professor torna-se um mediador neste processo de ensino-aprendizagem. A pedagogia construtivista estabelece cinco princípios:

1.     Propor problemas de relevância emergente aos alunos;
2.     Estruturar a aprendizagem em torno de “grandes ideias” ou conceitos primários;
3.     Procurar e valorizar o ponto de vista do estudante;
4.     Adaptar o currículo para atingir as suposições dos estudantes;
5.     Avaliar a aprendizagem do estudante no contexto do ensino.

Na contemporaneidade, evidencia-se que estes princípios ainda não fazem parte da grande maioria das escolas, a não ser aquelas nas quais os professores envolvem-se na proposta em discussão. Através dos princípios referidos percebe-se que, se estes fossem seguidos, a relação de ensino e aprendizagem na escola seria outra. O aluno sentiria-se valorizado, pois todo o trabalho pedagógico seria orientado segundo os interesses dos alunos e, acima de tudo, conforme as suas necessidades.

A proposta construtivista quando aplicada à Educação Especial, faz com que se adoptem procedimentos educacionais apoiados em fundamentos científicos, tendo como principais referências o campo da ciência cognitiva, em particular as pesquisas de Piaget, Ferreiro, Vygotsky, Bruner, Gardner e Goodman. No construtivismo, o todo do indivíduo é valorizado, sendo este um agente do seu próprio conhecimento. Desta forma, as pessoas com necessidades especiais têm suas capacidades e habilidades reconhecidas, estimuladas e, principalmente, valorizadas.

Nesta perspectiva, o construtivismo torna-se uma teoria do conhecimento coerente quando aplicada também à educação especial, pois, sob esta óptica, o ser humano é valorizado de maneira integral, é um ser visto sem fragmentação. Nesta abordagem, o professor não vê somente o que este aluno pode dar à sociedade, mas sim o que este aluno tem a ganhar na sociedade, o que ele tem a crescer no grupo ao qual está inserido.

O método enfatiza a importância do erro não como uma queda, mas como um trampolim na rota da aprendizagem. A teoria condena a rigidez nos procedimentos de ensino, as avaliações padronizadas e a utilização de material didático demasiadamente estranho ao universo pessoal do aluno. As disciplinas estão voltadas para a reflexão e auto-avaliação, portanto a escola não é considerada rígida.
Mais do que uma linha pedagógica, o construtivismo é uma teoria psicológica que procura explicar como se modificam as estratégias de conhecimento do individuo no decorrer da sua vida.



http://www.efdeportes.com/efd161/proposta-construtivista-um-desafio-sempre-atual.htm

3 comentários:

  1. OK Tiago!A relação entre a ABP e o construtivismo não poderia ser mais umbilical. Neste contexto, o post que coloca é pertinente. Falta apenas ligar estas temáticas ao ensino-aprendizagem da geografia e da educação geográfica.

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  2. O construtivismo é a corrente vigente no ensino de hoje, por colocar o aluno ativamente no processo de aprendizagem. Nessa perspectiva o aluno não apenas recebe o conhecimento, mas tem de construir e pensar no porquê, para quê e como fazer, diferentemente do ensino tradicional.

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  3. Miguel, tenho muitas dúvidas que o construtivismo seja a corrente vigente no ensino de hoje. Acho que deveria sê-lo, mas ainda estamos muito longe de conseguir que isso aconteça. Somos muito mais behaviouristas do que deveriamos ser.

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